12. September 2006 - Público (Portugal)
Papa Bento XVI visita Baviera natal para reavivar catolicismo alemão
Grande operação de segurança envolve cinco mil polícias
A Baviera (Sul da Alemanha) recebe a partir de hoje o seu cidadão mais conhecido, o Papa Bento XVI, numa viagem pela infância e juventude de Joseph Ratzinger que durará até quinta-feira próxima e pretende ajudar a reavivar o catolicismo alemão. A visita está a ser aguardada com expectativa na Baviera, embora muitos alemães continuem a ver o Papa com cepticismo, de acordo com sondagens publicadas esta semana.
Uma grande operação de segurança (5000 polícias mobilizados) foi montada pelas autoridades alemãs, depois de a polícia ter descoberto, há poucas semanas, que estariam a ser preparados atentados terroristas. Esta é a segunda viagem de Ratzinger, como Papa, ao seu país natal - a primeira foi em Agosto do ano passado, a Colónia, para presidir à Jornada Mundial da Juventude.
Munique (onde Joseph Ratzinger, 79 anos, foi arcebispo de 1977 a 1982), Altötting (onde existe um santuário mariano) e Ratisbona são as cidades principais que Bento XVI visitará e onde celebrará missas ao ar livre, que deverão contar com a participação de multidões. O resto do programa inclui reuniões com políticos (hoje ao fim da tarde), encontros com o clero, religiosos, seminaristas e cientistas, e uma oração ecuménica com protestantes e ortodoxos.
Além de estar na sua aldeia natal (Marktl am Inn, com 2700 habitantes), na tarde de segunda-feira, 11, o dia 13, quarta, será dedicado à família: missa privada no Seminário Maior de Ratisbona, almoço com o irmão, Georg Ratzinger, visita ao cemitério de Ziegetzdorf, onde estão sepultados os pais e a irmã.
No mês passado, numa entrevista conjunta a três televisões alemãs e à Rádio Vaticano, Bento XVI afirmou: "O motivo da minha visita consiste em ver, uma vez mais, os lugares e as pessoas com quem cresci, que me marcaram e fazem parte da minha vida; são pessoas às quais desejo agradecer."
"Diferentes catolicismos" na Alemanha
Com esta visita, o Papa quer também ajudar a estimular o catolicismo alemão: "Com todo o meu coração, desejo que a visita à minha terra natal desperte a alegria do cristianismo", escreveu o Papa numa carta publicada pelo jornal da diocese católica de Munique, o Münchner Kirchenzeitung.
Na entrevista televisiva citada, Bento XVI recusou a ideia de que a Igreja Católica insiste mais em temas como a moral do que em respostas concretas a problemas como a sida ou o crescimento demográfico. "Creio que seria necessário corrigir a imagem segundo a qual nós não fazemos senão semear à nossa volta "nãos" categóricos."
A Baviera e o pequeno Sarre (na fronteira com França) são, na Alemanha, os dois estados (em 16) de predominância católica. Na Baviera, 7,2 milhões de pessoas (em 12,4 milhões, ou seja, 58 por cento da população) são católicas. Em toda a Alemanha, há 28 milhões de católicos e um número equivalente de protestantes, numa população de 82 milhões de habitantes.
No país onde começou a Reforma protestante de Martinho Lutero, a Igreja Católica enfrenta uma diminuição no número de fiéis, ao mesmo tempo que inclui vários grupos críticos de orientações do Vaticano. O Movimento Nós Somos Igreja, por exemplo, irá mesmo protestar contra as orientações do bispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Mueller, acusado de marginalizar os leigos.
Winfried Gebhardt, sociólogo das religiões citado pela Associated Press, diz que os católicos alemães escolhem os ensinamentos da Igreja com os quais concordam. "Decidem por eles o que aceitam. Diria que já não existe catolicismo na Alemanha. Há diferentes catolicismos."
Zuletzt geändert am 15.09.2006